De Gangsteres a Sereias, Um Pequeno Tour pelo Cinema Japonês


Fala meus consagrados, tudo certo ? Enquanto me deleito com minhas merecidas férias tenho dedicado uma parte do tempo em assistir filmes que tinha baixado e estavam mofando aqui no meu HD. Durante essa minha empreitada assisti películas deveras interessantes e resolvi fazer esse post focado nas produções nipônicas. O cinema japonês sempre contribuiu fortemente para o cinema mundial com diversos gêneros próprios, renovando-se continuamente mas mantendo suas marcas características. Quentin Tarantino, George Lucas, Steven Spielberg e muitos outros diretores hollywoodianos confessam que foram diretamente influenciados pelo cinema da Terra do Sol Nascente.

A Marca do Assassino (1967)

Um mistura de filme arte com bang bang, A Marca do Assassino (1967) é um dos filmes de gangster mais diferentes que eu já vi. Utilizando uma série de recursos vanguardistas, tais como: narrativa não-linear, corte seco, montagem paralela (com cenas desconectadas), etc o diretor Seijun Suzuki conta a história de Goro Hanada, um assassino a mando da máfia que acaba falhando numa missão e sendo perseguido pela mesma. O estúdio não entendeu muito bem o que Suzuki quis dizer com o filme e demitiu o coitado. Hoje suas produções são considerados cult e serviram de influencia para vários diretores ocidentais como por exemplo Quentin Tarantino em Cães de Aluguel e Pulp Fiction.




House (1977)

Um conto de fadas bizarro? um pesadelo psicodélico? um episódio de Castelo Rá-Tim-Bum feito por alguém chapado de drogas? descrever House (1977) é uma tarefa difícil. Aqui temos a história de Oshare, uma estudante que desiste de passar as férias de verão com o seu pai após descobrir que a namorada dele iria junto. Então decide ir a casa no campo de sua tia, que não vê a muitos anos, levando consigo suas amigas de escola: Fanta (que gosta de tirar fotos), Kung Fu (que tem ótimos reflexos), Sweet (que adora limpar), Gari (uma super nerd), Mac (que come muito) e, Melody (uma musicista). Chegando a casa, eventos bizarros começam a ocorrer e as garotas começam a desaparecer uma a uma enquanto descobrem o segredo por trás de toda a aparente loucura. Tudo isso em um tom satírico e por vezes surreal. O longa fez certo sucesso em sua época de lançamento mas foi com o surgimento da internet que ele acabou ganhando o status de cult. Uma história que começa num tom infantil e bobinho mas com o andar da carruagem se torna bizarra e assustadora. Desligue seu cérebro e divirta-se.




Tetsuo, O Homem de Ferro (1989)

Carne, metal, fios, tudo convergindo num único ser e formando uma das experiências audiovisuais mais bizarras que o cinema japonês poderia nos proporcionar. Acho que essa é a melhor maneira que consigo descrever Tetsuo, O Homem de Ferro (1989), produção de baixo orçamento de Shinya Tsukamoto baseado num curta metragem de sua autoria produzido três anos antes. Na história temos um punk que foi atropelado e gravemente ferido tenta reconstruir seu corpo com pedaços de metal. Por ter sido filmado em preto e branco o filme trás toda uma aura obscura de alucinação e amantes de filmes como A Mosca e Videodrome de David Cronenberg iram se deliciar com as bizarras transformações que o protagonista passa. Possui mais duas sequências, Tetsuo II Body Hammer (1992) e Tetsuo: Bullet Man (2009), que não fazem jus ao primeiro mas podem divertir dependendo do gosto do telespectador.




Guinea Pig 4: Mermaid in the Manhole (1988)

Produzidos entre as décadas de 80 e 90, Guinea Pig é uma controversa franquia de 8 filmes que ficou mundialmente famosa por suas cenas de violência brutal e extremamente realistas, o que fez com que o produtor Hideshi Hino tivesse que provar que nenhum dos atores envolvidos estivesse realmente ferido ou morto, coisa bem parecida que aconteceu com Holocausto Canibal (1980). Eu nunca tinha assistido um filme de Guinea Pig e pelas minhas pesquisas acabei escolhendo o mais bizarro da série (se é que dá para medir o nível de bizarrice), Guinea Pig 4: Mermaid in the Manhole (1988). Também de Hideshi Hino, conta a história de um artista largado pela mulher que vive sozinho e amargurado em sua casa no subúrbio do Japão. O artista em questão procura nos esgotos coisas velhas que servirão de modelo para suas obras. Ele encontra uma sereia doente em um esgoto, e a leva para casa. Com o passar do tempo a doença começa a avançar como um câncer e aparecem feridas pútridas e nojentas pelo corpo da coitada e ele vai pintando cada etapa da doença assim que avança. No mínimo, surreal. Se você acha Centopéia Humana nojento então nem passe perto desse, eu mesmo que sou acostumado com tosquices trash teve momentos que virei o rosto para não ver certas cenas que me deixaram bem desconfortável.



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