Meu Cinema em 2018 - Janeiro

Olares... nem vou pedir desculpas por ter sumido nem nada, mas agradeço por não terem cancelado meu login no site HAUSHAUSHAUHSUASHAU.

Essas mini-resenhas a seguir contém spoilers. Vou ver se disponibilizo links de onde vocês possam ver os filmes (mas também só esses links, mais nenhum).

Mesmo esquema todos os anos: sobrescritos os merdas, sem formatação os OK, sublinhados os bons, negritos os imperdíveis.


Janeiro:

- Lumiere - A Aventura Começa: eu não sei se o filme realmente tem esse subtítulo ou se isso é coisa de distribuidor brasileiro, só sei que dá muito vergonha alheia. Enfim, o filme é f-o-d-a. Pegaram mais de cem filmes feitos pelos irmãos Lumiere e seus operadores de câmera, juntaram tudo e colocaram um narrador explicando e chamando atenção para as peculiaridades. Esse filme é essencial para quem ama/trabalha com cinema ou fotografia. É muito interessante e humilhante assistir os filmes e pensar que quase tudo o que a gente conhece sobre sequencias, montagens, ângulos e etc, continua sendo feito como os Lumiere inventaram mais de um século atrás e com um equipamento que não permitia ver o que estava sendo filmado. Além das reflexões, né? O primeiro filme do mundo mostra trabalhadores (e um cachorro ♥), eles filmaram pessoas pobres, negros, asiáticos (tem um filme particularmente interessante aliás). Os irmãos e seus operadores de câmera acreditavam que o mundo todo deveria ser registrado em filmes. Altamente recomendado. Infelizmente só consegui encontrar no Now. Foi o primeiro filme que eu vi em 2018 e achei bem justo começar o ano com um filme sobre o nascimento dos filmes.


- The Square: esse filme tem um subtítulo mas eu não lembro e não adotei. Foi um dos indicados ao Oscar e vendo s trailers, eu imaginava que era um filme norte-americano, porque a galera fala inglês quase o filme todo. Mas na real ele é de um país escandinavo aí. Essa introdução desdenhosa faz parecer que é qualquer filme bosta, quando na verdade é um filme muito foda. O protagonista é diretor de um museu. Quase tudo o que está exposto são instalações e agora eles vão receber “O Quadrado” (do título). “O Quadrado” é um espaço reflexivo, em que a pessoa se isola para pensar sobre si mesma, a intenção do artista é que o fulano que entra no espaço delimitado pense sobre si mesmo em relação ao resto do mundo. O país em que se passa a história está passando por questões com imigrantes de países do Oriente Médio e também do leste europeu, então a equipe contratada para promover a obra resolve usar isso num vídeo promocional que se torna viral no Youtube – porque é todo errado. Além disso o enfrentamento com imigrantes acaba acontecendo diretamente com o diretor do museu durante todo o filme, e comparações são inevitáveis. O filme é uma comédia, mas conseguem lidar muito bem com o lance da xenofobia sem banalizar nada. Tem participação da atriz principal de Handmaid's Tales. Outro que só encontrei no Now.

- O Motorista de Táxi: janeiro é um mês com bons filmes. Um ano atrás eu estava vendo um filme coreano no cinema pela primeira vez, e também pela primeira vez estava tomando conhecimento do que aconteceu na Coréia do Sul logo após o fim da guerra. Eu não sabia – na verdade não poderia imaginar – que o país que optou por ficar do lado dos capitalistas perseguiu, censurou e matou cidadãos durante algumas semanas dos primeiros dias do novo governo. O Motorista de Táxi é uma adaptação da história real de um motorista que aceita fazer uma viagem com um estrangeiro e acaba se envolvendo na revolta. O jornalista estrangeiro em questão se torna a única fonte de notícias sobre a revolta e o massacre promovido pelo governo. A história é linda e o elenco, impecável. Eu gostaria que a legião de fãs de Kpop que vivem foram da Coréia do Sul descobrissem e admirassem esse filme, mas... né?! Também só encontrei no Now.

- O Destino de Uma Nação: sim, o Gary Oldman é um puta ator, e o filme é bem feito, muito bem feito, mas eu tenho problemas em elogiar uma produção que tome tantas liberdades artísticas. Eu acho que nenhuma outra caracterização do Churchill para o cinema fez uma representação tão simpática e amável do mais famoso primeiro ministro britânico (a melhor caracterização é a da série The Crown). Inclusive, falando em filme bem feitinho, tem um sequência muito boa que mostra os campos de batalha do alto. Mas não dá pra ignorar que quiseram mostrar um Churchill fora da realidade. Os caras até colocaram o racistão pra apertar a mão de um cara negro no metrô – no meio do povão ele não tocaria nem nos brancos... Encontrei no Telecine.

- Viva, a Vida é Uma Festa: vixe. Agora eu posso ter problemas. Eu sei que esse filme é muito chorável – e eu chorei bastante – e as músicas são lindas, mas em matéria de filme sobre El Dia de Los Muertos, e as tradições mexicanas relacionadas à morte, eu prefiro The Book of Life, do Deltoro. Inclusive tem uma história menos óbvia. Tem no Telecine.

- O Touro Ferdinando: pode me chamar de problematizadora, mas esse filme é sobre masculinidade tóxica. Tem os touros, e aí eles educam os filhos deles pra serem touros de tourada, quem não aceita ser violento é zuado pelos amiguinhos e excluído. Tem que ser violento e não pode pedir ajuda, mesmo que isso custe sua vida. É sobre masculinidade tóxica. Fim. Também é muito bem animado, imprevisível – o que é aquele final da tourada??? – engraçado e emocionante (eu chorei Ç_Ç). Os cavalos são um show à parte e a piada do incesto. Tem no Telecine e na Fox que tem um serviço de streaming muito merda.

- The Post: fueeeeeeeeeeeeen. A história é muito interessante e eu amo o Bob Odekirk, mas a Merryl Streep e o Tom Hanks estão no piloto automático total. E o filme tem uma cena pós-crédito que sugere uma sequência com um filme sobre Watergate. É o jornalismoverso. Tem no Telecine.

- O Artista do Desastre: você já imaginou que elogiaria um filme dirigido pelo James Franco? Nem eu, mas aqui estamos nós. Ainda estou tentando encontrar a explicação para um filme sobre um filme bosta ter ficado tão bom. Eu não sei se o James Franco é tão ruim que ficou bom sendo um ator ruim ou... isso tá muito confuso. Eles conseguiram encher o elenco com estrelas e dosar humor na medida certa. No final tem uma sessão de horror, com cenas do filme The Room, mas é pra gente poder comparar o original com o que foi feito para o filme dos irmãos Franco. Não achei em lugar nenhum.


- Peixonauta: sim, eu fui ver, estabeleci um meta de dar suporte às animações nacionais. Se você tem sobrinhos, filhos, irmãozinhos, priminhos nem perca o tempo deles, é um episódio esticado do desenho. Melhor ver o desenho logo de uma vez. Tem no Netflix finalmente caraio, no Now, no site do Peixonauta.

- O Estrangeiro: eu tinha esquecido esse filme totalmente. Tem o Pierce Brosnan sem disfarçar o sotaque irlandês e o Jack Chan velho e cansado. E mais nada. Poucas cenas de luta porque o Jack Chan tá velho e cansado. E é isso. Tem no Now.

Depois faço os outros, foi só o mês de janeiro e o post já ficou gigante!!!!

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