O.J.: Made in America - Do Topo ao Poço

Apesar de alguns meses de atraso, hora de mostrar um pouco sobre o documentário que ganhou o Oscar em sua categoria na cerimônia deste ano - O.J.: Made in America.


O documentário trilha a história da vida de Orenthal James Simpson, mundialmente conhecido como O.J. Simpson ou "The Juice", um dos maiores running backs da história do futebol americano, ator e produtor cinematográfico e protagonista do crime de matar sua ex-esposa, caso que foi alcunhado de "Julgamento do Século".

O.J. foi um dos mais bem sucedidos astros entre as décadas de 70 e 80 nos EUA, servindo "quase" (já explico o "quase") de modelo para todos os negros da América, que passavam pelo momento de segregação racial na época. O.J. teve uma carreira promissora no futebol universitário, logo em seguida passando ao futebol profissional (NFL e afins), onde quebrou recordes e é tido como um dos melhores jogadores de todos os tempos. Após alavancar sua fama através do esporte, começou sua carreira no cinema atuando em filmes e séries de TV - creio que todos se lembrem dele em "Corra Que a Polícia Vem Aí".


Porém, depois de atingir o ápice da fama, podemos considerar que ele subiu um degrau a mais nessa escala, após 1994, quando sua ex-esposa Nicole Brown e seu amigo Ron Goldman foram encontrados mortos, tendo todas as provas concretas de que O.J. seria o assassino.

O documentário é dividido em 5 partes, de 1 hora e 30 minutos cada - o que me gerou muitas dúvidas por ter sido indicado ao Oscar, considerando que se encaixa mais como série além de ter sido exibido como o mesmo na TV americana. Foi dirigido por Ezra Edelman e produzido pela ESPN Films.

Trás depoimentos de amigos, empresários e pessoas próximas a O.J., jornalistas, policiais, advogados, escritores, analistas que viveram para ver os feitos de O.J. e seu julgamento. De uma forma dinâmica a obra passa desde a infância e juventude de O.J. na universidade transitando até o sua absurda fama conquistada.


O documentário também trata sobre o racismo no sistema criminal de Los Angeles nessa época, onde os negros eram tratados de forma muito inferior aos brancos, nas ruas da cidade (podemos dizer, infelizmente, que não mudou muito pros dias de hoje), fazendo isso se interligar a vida de O.J. pelo fato dele não dar a mínima para os movimentos raciais da época e quase escondendo o fato de ser negro em uma sociedade majoritariamente branca - por isso o "quase" de logo acima, O.J. não era herói para alguns negros, pois parecia querer mascarar sua cor, para conquistar a fama -  porém, logo após a acusação de assassinato, o julgamento se tornou uma questão racial independente do crime brutal.

Apesar de evidenciar as acusações contra O.J. o documentário trás também a palavra de advogados que defenderam o jogador no julgamento, que apesar de não afirmar sua inocência do caso, se sentem receosos em admitir que tudo apontava para ele, como culpado.


Como ponto fraco do documentário, talvez alguns considerem longo demais, o que não me preocupou nem cansou, porém a divisão dos capítulos não agradou muito, visto que no último episódio coisas importantes acontecem e são contadas de maneira rápida e sem muitos detalhes. De resto, o documentário tem tudo para agradar os mais variados gostos de assuntos.

O.J.: Made in America, é sobre fama, racismo, futebol, abuso contra mulher, decadência, violência, de tudo um pouco para contar a história do homem que atingiu todos os degraus da fama e decepcionou a todos numa mesma tacada.

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