Balanço Final - Primeira Temporada de DC's Legends of Tomorrow


ALERTA DE SPOILER: Só leia o artigo se você não for ver a série mesmo e só estiver com curiosidade mórbida.

No dia 19 de maio, o décimo-sexto e último episódio da primeira temporada de DC's Legends of Tomorrow (ou Legendas só Amanhã, em tradução livre) foi ao ar na gringa.

Como não poderia deixar de ser, eu, o deceneco encarregado do blog, acompanhei essa longa jornada de perto e agora resolvi fazer um balanço final da primeira temporada: o que funcionou, o que não, o que podemos esperar da próxima...

Então se segure no Wave Rider enquanto começo falando do:


1- Enredo que não faz sentido algum

Tipo o samba-enredo da Caprichosos em 1988:
"(...)Com sutileza
O desenho animado surgiu
Tem comédia, tem piada
Musical com batucada
E no velho Oeste eu vi
O Nordeste em ação"

Legends of Tomorrow (vou começar a usar só LoT a partir de agora) gira em torno do mestre do tempo Rip Hunter, que teve sua família assassinada por um déspota imortal de milhares de anos de idade e resolve recrutar um grupo de pessoas para perseguir e dar cabo do sujeito antes que o assassinato de sua família ocorra. Até aí, tudo bem...

O problema é que o elenco constantemente se vê em situações em que há a possibilidade real deles mudarem seus destinos para melhor para logo em seguida ser impedido por Rip Hunter, sob a alegação de que "é muito perigoso mexer com a linha temporal".

Porra, seu feladazunha! E eliminar um vândalo selvagem de milhares de anos e atuante na História não seria? 


Responde essa, vacilão!


A cada missão, vai ficando claro que a equipe formada por Hunter faz mais merda que o bem: seja fornecendo a Savage conhecimentos tecnológicos avançados, seja alterando eventos históricos para favorecer a tomada de poder de Savage no futuro ou até mesmo fornecendo de bandeja o Gavião Negro para ser morto décadas antes do previsto e deixando o vilão mais forte do que nunca.

Ah, sim. 


2- Complicaram demais o que não devia, para nada


Morreram mais que o casal Wayne durante a série

Vandal Savage, no universo DC do canal CW, teve sua origem mesclada com a do vilão Hath Set, o sacerdote egípcio responsável pelo ciclo de reencarnações e sucessivos assassinatos do casal de Gaviões Carter Hall e Kendra Saunders (ou príncipe Khufu e sacerdotisa Chey-Ara).

Ou falando em português: era um tremendo dum brocha que, durante um ataque de dor de cotovelo no Egito antigo, matou a colega de trabalho e o amante dela e recitou uma maldição enquanto meteoros mágicos derrubavam o estabelecimento em que se encontravam.

Tais meteoros renderam a Savage vida eterna e, por motivos pouco convincentes, prenderam o casal assassinado a um ciclo de reencarnações onde eles lembravam de todas as vidas anteriores, criavam asas e eram regularmente assassinados por Savage, que podia sentir sua presença e usava sua energia vital para ficar mais forte.

(Ele chegava a beber sangue dos gaviões defuntos em rituais macabros. Considerando que o Vandal Savage dos quadrinhos era um Neanderthal canibal, é um grande avanço).

Os escritores de LoT achavam que esse background super simples seria muito interessante de se explorar, logo...




- Colocaram Chay-Ara, em sua reencarnação de número 207 Kendra Saunders, pra ser personagem regular de The Flash e par romântico do Cisco;



- Gastaram o segundo crossover de Flash e Arrow todo pra explicar essa trama rocambolesca pro público, e o pior:




- Inventaram que Savage só poderia ser morto definitivamente por Kendra de posse de algum artefato presente no momento em que ela e Carter foram assassinados.

Isso criou para a trama uma série de problemas desnecessários, como encontrar artefatos tão antigos, descobrir como usar eles de arma, posicionar Kendra em missões perigosas, e ainda por cima forçou o roteiro a imbecilizar e fragilizar a personagem, senão a série acabaria rápido demais.

Tudo isso para na season finale descobrirem um jeito de matarem Savage usando radiação de meteoro e metade do time matar ele em três momentos temporais distintos.

Ah, e aquela parada de maldição era tudo balela. Os meteoros são tecnologia alienígena!

Valeu por toda essa perda de tempo, CW!


3- Representou o Universo DC muito bem



É de conhecimento do mundo mineral que o Universo DC que conhecemos se formou a partir da aquisição de uma quantidade enorme de propriedade intelectual de editoras menores. 

Por um lado, isso tornou o UDC irremediavelmente um puta puteiro do caralho.

Por outro, tornou o UDC o universo mais interessante e rico da história dos quadrinhos mainstream.


Malz aê, Marvel Comics.

E, quando os escritores que se aventuram nesse universo cumprem sua cota de leitura e não tem interferências editoriais de gente inepta, a tendência é sempre trabalhos muito divertidos de se acompanhar.

Com LoT não foi diferente. Cada personagem, sozinho, já tinha uma bagagem e um conjunto de características bem definido e estes foram usados na trama de forma a aproveitar isso ao máximo.

Vai ter furto? Bota o Capitão Frio e o Onda Térmica pra fazer!

Vai ter assassinato? Joga a Canário Branco!

Vai ter uma explosão nuclear iminente prestes a matar todo mundo e alterar a história como a conhecemos? Bota o Nuclear pra absorver tudo!

Isso também rendeu interações inéditas entre personagens que não costumam se cruzar nos quadrinhos e desenvolvimento de personagens que costumavam ser bastante unidimensionais, como o Onda Térmica e o próprio Rip Hunter.

Tivemos até um futuro alternativo passado em Star City com o ERROWWWW velhaco e sem um braço enfrentando o filho do Slade.

Foi quaaaaaase isso!

E o mais importante: TEVE JONAH HEX!


Mais feio que cu que caga prego!


4- Foi divertido demais


Nesse episódio, eles se entupiram de marijuana com a versão jovem do Dr. Stein

O roteiro não fazia sentido e não seguia as próprias regras que estabelecia, mas essa diminuição de critério intelectual funcionou pra fazer a série render entretenimento de primeira. Mais ou menos como os filmes da Marvel Studios...

Os personagens, por terem personalidades muito distintas, sempre que tinham que interagir entre si ofereceram algo interessante de se acompanhar. O absurdo da situação em que se encontravam deu liberdade para que cenas antológicas pudessem acontecer, como a do Ray Palmer ficando à deriva no espaço sem oxigênio depois de selar um rombo na nave.

As cenas de ação todas foram muito legais de se ver. Olhem essa do time inteiro contra a Peregrina, uma mercenária que manipula o tempo ao redor dela pra se safar de ataques:


IUAHIAUHAIAHAIAUHIUAHAIUHAIUA a guria virou pó!


Mas falando em diversão, não podemos deixar de falar do Capitão Frio. O personagem era tão carismático e inacreditavelmente canastrão que roubou a cena em todos os momentos em que apareceu e a série acabou virando, em partes, sobre sua jornada para o heroísmo.

E ainda teve palhaçada com outra série em que o ator estrelou!




Veredicto:


Eu não sei bem o que rolou, mas foi muito bom! Acompanhei todos os episódios vidrado e fiquei que nem uma criança na cena final da série, quando uma nave do tempo pousa na frente da equipe e dela sai o HOMEM-HORA, SE DIZENDO A SERVIÇO DA SOCIEDADE DA JUSTIÇA DA AMÉRICA.

SIM, ESSA SÉRIE TODA FOI PRA ABRIR CAMINHO PRA SJA!

CHUPEM ESSA MANGA!


SEGUNDA TEMPORADA, VENIMIM!

Comentários